segunda-feira, 30 de abril de 2012

CONTA PARTICULAR

“Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz
pertence!” — Jesus. (LUCAS, CAPÍTULO 19, VERSÍCULO 42.)
A exclamação de Jesus, junto de Jerusalém, aplica-se muito mais ao coração do
homem — templo vivo do Senhor — que à cidade de ordem material, destinada à ruína
e à desagregação nos setores da experiência.
Imaginemos o que seria o mundo, se cada criatura conhecesse o que lhe pertence à
paz íntima.
Em virtude da quase geral desatenção a esse imperativo da vida, é que os homens se
empenham em dolorosos atritos, assumindo escabrosos débitos.
Atentemos para a assertiva do Mestre — “ao menos neste teu dia” Estas palavras
convidam-nos a pensar na oportunidade de serviço de que dispomos presentemente
e a refletir nos séculos que perdemos; compelem-nos
a meditar quanto ao ensejo de trabalho, sempre aberto aos espíritos diligentes.
O homem encarnado dispõe dum tempo glorioso que é provisoriamente dele, que lhe
foi proporcionado pelo Altíssimo em favor de sua própria renovação.
Necessário é que cada um conheça o que lhe toca à tranqüilidade individual. Guarde
cada homem digna atitude de compreensão dos deveres próprios e os fantasmas da
inquietude estarão afastados. Cuide cada pessoa do que se lhe refira à conta particular
e dois terços dos problemas sociais do mundo surgirão naturalmente resolvidos.
Repara as pequeninas exigências de teu círculo e atende-as, em favor de ti mesmo.
Não caminharás entre as estrelas, antes de trilhares as sendas humildes que te
competem.

(Pão Nosso; cap. 38)

domingo, 29 de abril de 2012

EM TI MESMO



Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 14, versículo 22.)


No mecanismo das realizações diárias, não épossível esquecer a criatura aquela expressão de con­fiança em si mesma, e que deve manter na esfera das obrigações que tem de cumprir à face de Deus.
Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à eternidade.
Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibilidades, esperando em pro­messas humanas, dão a idéia de fragmentos de cor­tiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem ancoradouro.
Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém de seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador.
Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo; não dispensa, porém, a cooperação, a vontade e a con­fiança do filho para realizar. Um pai que fizesse, mecanicamente, o quadro de felicidades dos seus descendentes, exterminaria, em cada um, as faculda­des mais brilhantes.
Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ou aquele trabalho justo? Faze-o retamente, porque se Deus tem confiança em ti para alguma coisa, deves confiar em ti mesmo, diante dEle.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 14)

sábado, 28 de abril de 2012

ATÉ AO FIM


“Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” — Jesus. (MATEUS,
CAPÍTULO 24, VERSÍCULO 13.)
Aqui não vemos Jesus referir-se a um fim que simbolize término e, sim, à finalidade, ao
alvo, ao objetivo.
O Evangelho será pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem
os fins superiores da vida.
Eis por que apenas conseguem quebrar o casulo da condição de animalidade aqueles
Espíritos encarnados que sabem perseverar.
Quando o Mestre louvou a persistência, evidenciava a tarefa árdua dos que procuram
as excelências do caminho espiritual.
É necessário apagar as falsas noções de favores gratuitos da Divindade.
Ninguém se furtará, impune, à percentagem de esforço que lhe cabe na obra de
aperfeiçoamento próprio.
As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o
homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria. Para isto, concede o
Supremo Senhor extensa cópia do material de misericórdia a todas as criaturas,
conferindo, entretanto, a cada um o dever de talhá-las. Semelhante tarefa, porém,
demanda enorme esforço. A fim de concluí-la, recruta-se a contribuição dos dias e das
existências. Muita gente se desanima e prefere estacionar, séculos a fio, nos labirintos
da inferioridade; todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, até atingirem as
finalidades divinas do caminho terrestre, continuando em trajetória sublime para a
perfeição.

(Pão Nosso; cap. 36)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

BASES




Disse-lhe Pedro: Nunca me la­varás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.” — (JOÃO, capítulo 13, versículo 8.)


É natural vejamos, antes de tudo, na resolução do Mestre, ao lavar os pés dos discípulos, uma de­monstração sublime de humildade santificante.
Primeiramente, é justo examinarmos a interpre­tação intelectual, adiantando, porém, a análise mais profunda de seus atos divinos. É que, pela mensagem permanente do Evangelho, o Cristo continua lavando os pés de todos os seguidores sinceros de sua dou­trina de amor e perdão.
O homem costuma viver desinteressado de todas as suas obrigações superiores, muitas vezes aplau­dindo o crime e a inconsciência. Todavia, ao contacto de Jesus e de seus ensinamentos sublimes, sente que pisará sobre novas bases, enquanto que suas apreciações fundamentais da existência são muito diversas.
Alguém proporciona leveza aos seus pés espiri­tuais para que marche de modo diferente nas sendas evolutivas.
Tudo se renova e a criatura compreende que não fora essa intervenção maravilhosa e não poderia participar do banquete da vida real.
Então, como o apóstolo de Cafarnaum, experi­menta novas responsabilidades no caminho e, dese­jando corresponder à expectativa divina, roga a Jesus lhe lave, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 5)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

SOLIDARIEDADE

“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com
os que choram.” – Paulo. (ROMANOS, 12:15.)
Realmente, na Terra, é mais fácil chorar com os que choram.
Em muitas circunstâncias, mágoas alheias servem de consolação para nossas mágoas.
Quem carrega fardos enormes como que nos estimula a suportar os estorvos leves.
Num desastre qualquer, que nos teria colhido, inclinamo-nos, comovidamente, para as
vítimas, guardando, muita vez, a ilusão de que fomos agraciados por Deus, como se a
responsabilidade de moratórias e empréstimos, que nos são concedidos pela Misericórdia
Divina, dentro da Lei, fosse para nós regime de favoritismo e exceção.
Ajudar aos que se encontram em provocações maiores que as nossas é caridade
sublime; no entanto, é forçoso reconhecer que aconselhar paciência aos que choram, na
posição de superiores tranqüilos, é o mesmo que falar à margem de um problema, sem
estar dentro dele.
Com isso, não queremos diminuir o valor da beneficência. Sem ela, nossas mãos se
fariam garras de usura e o egoísmo transformaria a Terra num manicômio.
Desejamos simplesmente afirmar que é mais fácil chorar com os que choram, que
alegrar-se alguém com os que se alegram; porquanto, ajudar com o pão ou com a alegria
que nos sobram é ato que podemos realizar sem dificuldade, ao passo que, para
regozijar-se com o regozijo dos outros, sem qualquer ponta de inveja ou despeito, é
preciso trazermos suficiente amor puro no coração.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 92)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

VASOS DE BARRO


“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro,
para que na sublimidade seja da virtude de Deus e não de nós”.– Paulo
(II CORINTIOS, 4:7.)
Não te furtes a transmitir os dons do Evangelho.
Se caíste, levanta-te e estende as mãos, construindo o melhor.
Se estiveste em erro até ontem, reconsidera o gesto impensado e ajuda aos semelhantes.
Se doente, permanece na confiança, encorajando e esclarecendo a quem te ouve a
palavra.
Se cansado, recompõe as próprias forças na fé, e prossegue amparando sempre.
Caluniado, perdoa e esquece o golpe, procurando servir.
Menosprezado, não firas ninguém e esforça-te por ser útil.
Perseguido, esquece o mal e faze o bem que possas.
Insultado, olvida toda ofensa e auxilia sem mágoa.
Em meio de todas as fraquezas e vicissitudes que nos rodeiam a alma,
estejamos convictos com o apóstolo Paulo de que possuímos o conhecimento da verdade
e a flama do amor, como quem transporta um tesouro em vasos de barro, para que a
excelência da virtude resplandeça por luz de Deus e não nossa.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 88)

terça-feira, 24 de abril de 2012

RENOVAÇÃO NECESSÁRIA


“Não extingais o Espírito.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES,
CAPÍTULO 5, VERSÍCULO 19.)
Quando o apóstolo dos gentios escreveu esta exortação, não desejava dizer que o
Espírito pode ser destruído, mas procurava renovar a atitude mental de quantos vivem
sufocando as tendências superiores.
Não raro, observamos criaturas que agem contra a própria consciência, a fim de não se
categorizarem entre os espirituais. Entretanto, as entidades encarnadas permanecem
dentro de laborioso aprendizado, para se erguerem do mundo na qualidade de espíritos
gloriosos. Esta é a maior finalidade da escola humana.
Os homens, contudo, demoram-se largamente a distância da grande verdade.
Habitualmente, preferem o convencionalismo a rigor e, somente a custo, abrem o
entendimento às realidades da alma. Os costumes, efetivamente, são elementos
poderosos e determinantes na evolução, todavia, apenas quando inspirados por
princípios de ordem superior.
É necessário, portanto, não asfixiarmos os germens da vida edificante que nascem,
todos os dias, no coração, ao influxo do Pai Misericordioso.
Irmãos nossos existem que regressam da Terra pela mesma porta da ignorância e da
indiferença pela qual entraram. Eis por que, no balanço das atividades de cada dia, os
discípulos deverão interrogar a si mesmos: — “Que fiz hoje? acentuei os traços da
criatura inferior que fui até ontem ou desenvolvi as qualidades elevadas do espírito que
desejo reter amanhã?”

(Pão Nosso; cap. 135)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

NUTRIÇÃO ESPIRITUAL

“Bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de
nada aproveitaram aos que a eles se entregaram.” — Paulo. (HEBREUS,
CAPÍTULO 13, VERSÍCULO 9.)
Há vícios de nutrição da alma, tanto quanto existem na alimentação do corpo.
Muitas pessoas trocam a água pura pelas bebidas excitantes, qual ocorre a muita
gente que prefere lidar com a ilusão pernicíosa, em se tratando dos problemas
espirituais.
O alimento do coração, para ser efetivo na vida eterna, há de basear-se nas realidades
simples do caminho evolutivo.
É imprescindível estejamos fortificados com os valores iluminativos, sem atender aos
deslumbramentos da fantasia que procede do exterior. E justamente na estrada
religiosa é que semelhante esforço exige mais amplo aprimoramento.
O crente, de maneira geral, está sempre sequioso de situações que lhe atendam aos
caprichos nocivos, quanto o gastrônomo anseia pelos pratos exóticos; entretanto, da
mesma sorte que os prazeres da mesa em nada aproveitam nas atividades essenciais,
as sensações empolgantes da zona fenomênica se tornam inúteis ao espírito, quando
este não possui recursos interiores suficientes para compreender as finalidades.
Inúmeros aprendizes guardam a experiência religiosa, que lhes diz respeito, por
questão puramente intelectual. Imperioso, porém, é reconhecer que o alimento da alma
para fixar-se, em definitivo, reclama o coração sinceramente interessado nas verdades
divinas.
Quando um homem se coloca nessa posição íntima, fortifica-se realmente para a
sublimação, porque reconhece tanto material de trabalho digno, em torno dos próprios
passos, que qualquer sensação transitória, para ele, passa a localizar-se nos últimos
degraus do caminho.

(Pão Nosso; cap. 134)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O GRANDE FUTURO

“Mas agora o meu reino não é daqui” — Jesus. (JOÃO, CAPÍTULO 18,
VERSÍCULO 36.)
Desde os primórdios do Cristianismo, observamos aprendizes que se retiram
deliberadamente do mundo, alegando que o Reino do Senhor não pertence à Terra.
Ajoelham-se, por tempo indeterminado, nas casas de adoração, e acreditam efetuar na
fuga a realização da santidade.
Muitos cruzam os braços à frente dos serviços de regeneração e, quando interrogados,
expressam revolta pelos quadros chocantes que a experiência terrena lhes oferece,
reportando-se ao Cristo, diante de Pilatos, quando o Mestre asseverou que o seu reino
ainda não se instalara nos círculos da luta humana.
No entanto, é justo ponderar que o Cristo não deserdou o planeta. A palavra dEle não
afiançou a negação absoluta da felicidade celeste para a Terra, mas apenas definiu a
paisagem então existente, sem esquecer a esperança no porvir.
O Mestre esclareceu: — “Mas agora o meu reino não é daqui.”
Semelhante afirmativa revela-lhe a confiança.
Jesus, portanto, não pode endossar a falsa atitude dos operários em desalento, tão-só
porque a sombra se fez mais densa em torno de problemas transitórios ou porque as
feridas humanas se fazem, por vezes, mais dolorosas. Tais ocorrências, muita vez,
obedecem a pura ilusão visual.
A atividade divina jamais cessa e justamente no quadro da luta benéfica é que o
discípulo insculpirá a própria vitória.
Não nos cabe, pois, a deserção pela atitude contemplativa e, sim, avançar,
confiantemente, para o grande futuro.



(Pão Nosso; cap. 133)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

MALEDICÊNCIA



Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.” (TIAGO, capítulo 4, versículo 11.)


Nem todas as horas são adequadas ao rumo da ternura na esfera das conversações leais.
A palestra de esclarecimento reclama, por vezes, a energia serena em afirmativas sem indecisão; en­tretanto, é indispensável grande cuidado no que concerne aos comentários posteriores.
A maledicência espera a sinceridade para tur­var-lhe as águas e inutilizar-lhe esforços justos.
O mal não merece a coroa das observações sérias. Atribuir-lhe grande importância nas atividades verbais é dilatar-lhe a esfera de ação. Por isso mesmo, o conselho de Tiago reveste-se de santificada sabedoria.
Quando surja o problema de solução difícil, entre um e outro aprendiz, é razoável procurem a compa­nhia do Mestre, solucionando-o à claridade da sua luz, mas que nunca se instalem na sombra, a dis­tância um do outro, para comentários maliciosos da situação, agravando a dor das feridas abertas.
Falar mal”, na legítima significação, será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras.
Como observamos, a maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos dis­parates.
Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes des­venturas íntimas.

(Fonte Viva; cap. 151)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A ORAÇÃO DO JUSTO




A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” — (TIAGO, capítulo 5, versículo 16.)


Considerando as ondas do desejo, em sua força vital, todo impulso e todo anseio constituem também orações que partem da Natureza.
O verme que se arrasta com dificuldade, no fundo está rogando recursos de locomoção mais fácil.
A loba, cariciando o filhotinho, no imo do ser permanece implorando lições de amor que lhe mo­difiquem a expressão selvagem.
O homem primitivo, adorando o trovão, nos re­cessos dalma pede explicações da Divindade, de maneira a educar os impulsos de fé.
Todas as necessidades do mundo, traduzidas no esforço dos seres viventes, valem por súplicas das criaturas ao Criador e Pai.
Por isso mesmo, se o desejo do homem bom éuma prece, o propósito do homem mau ou desequi­librado é também uma rogativa.
Ainda aqui, porém, temos a lei da densidade específica.
Atira uma pedra ao vizinho e o projétil será ime­diatamente atraído para baixo.
Deixa cair algumas gotas de perfume sobre a fronte de teu irmão e o aroma se espalhará na atmosfera.
Liberta uma serpente e ela procurará uma toca.
Solta uma andorinha e ela buscará a altura.
Minerais, vegetais, animais e almas humanas estão pedindo habitualmente, e a Providência Divina, através da Natureza, vive sempre respondendo.
Há processos de solução demorada e respostas que levam séculos para decerem dos Céus à Terra.
Mas de todas as orações que se elevam para o alto, o apóstulo destaca a do homem justo como sendo revestida de intenso poder.
É que a consiência reta, no ajustamento à Lei, já conquistou amizades e intercessões numerosas.
Quem ajunta amigos, amontoa amor. Quem amontoa amor, acumula poder.
Aprende, assim, agir com justiça e bondade e teus rogos subirão sem entraves, amparados pelos veículos da simpatia e da gratidão, porque o justo, em verdade, onde estiver, é sempre um cooperador de Deus.

(Fonte Viva; cap 150)

terça-feira, 17 de abril de 2012

SEGUE-ME TU




Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.” — (JOÃO, capítulo 21, versículo 22.)


Nas comunidades de trabalho cristão, muitas vezes observamos companheiros altamente preocupa­dos com a tarefa conferida a outros irmãos de luta.
É justo examinar, entretanto, como se elevaria o mundo se cada homem cuidasse de sua parte, nos deveres comuns, com perfeição e sinceridade.
Algum de nossos amigos foi convocado para obri­gações diferentes?
Confortemo-lo com a legítima compreensão.
As vezes, surge um deles, modificado ao nosso olhar. Há cooperadores que o acusam. Muitos o con­sideram portador de perigosas tentações. Movimen­tam-se comentários e julgamentos à pressa.
Quem penetrará, porém, o campo das causas? Estaríamos na elevada condição daquele que pode analisar um acontecimento, através de todos os ângulos? Talvez o que pareça queda ou defecção pode constituir no­vas resoluções de Jesus, relativamente à redenção do amigo que parece agora distante.
O Bom Pastor permanece vigilante. Prometeu que das ovelhas que o Pai lhe confiou nenhuma se per­derá.
Convém, desse modo, atendermos com perfeição aos deveres que nos foram deferidos. Cada qual ne­cessita conhecer as obrigações que lhe são próprias.
Nesse padrão de conhecimento e atitude, há sem­pre muito trabalho nobre a realizar.
Se um irmão parece desviado aos teus olhos mortais, faze o possível por ouvir as palavras de Jesus ao pescador de Cafarnaum: “Que te importa a ti? Segue-me tu.”

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 2)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

NA GRANDE ROMAGEM




Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.” — Paulo. (HEBREUS, capítulo 11, versículo 8.)


Pela fé, o aprendiz do Evangelho é chamado, como Abraão, à sublime herança que lhe é desti­nada.
A conscrição atinge a todos.
O grande patriarca hebreu saiu sem saber para onde ia ...
E nós, por nossa vez, devemos erguer o cora­ção e partir igualmente.
Ignoramos as estações de contacto na romagem enorme, mas estamos informados de que o nosso objetivo é Cristo Jesus.
Quantas vezes seremos constrangidos a pisar sobre espinheiros da calúnia? quantas vezes transitaremos pelo trilho escabroso da incompreensão? quantos aguaceiros de lágrimas nos alcançarão o espírito? quantas nuvens estarão interpostas, entre o nosso pensamento e o Céu, em largos trechos da senda?
Insolúvel a resposta.
Importa, contudo, marchar sempre, no caminho interior da própria redenção, sem esmorecimento.
Hoje, é o suor intensivo; amanhã, é a responsa­bilidade; depois, é o sofrimento e, em seguida, é a solidão...
Ainda assim, é indispensável seguir sem desâ­nimo.
Quando não seja possível avançar dois passos por dia, desloquemo-nos para diante, pelo menos, alguns milímetros.
Abre-se a vanguarda em horizontes novos de entendimento e bondade, iluminação espiritual e progresso na virtude.
Subamos, sem repouso, pela montanha escar­pada:
Vencendo desertos..
Superando dificuldades.
Varando nevoeiros...
Eliminando obstáculos...
Abraão obedeceu, sem saber para onde ia, e encontrou a realização da sua felicidade.
Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplande­centes da eterna ressurreição.

(Fonte Viva; cap. 3)

domingo, 15 de abril de 2012

O OURO INTRANSFERÍVEL




Aconselho-te que de mmi com­pres ouro provado no fogo, para que te enriqueças.” — (APOCALIPSE, capítulo 8, versículo 18.)


Sempre vulgares as aquisições de custo fácil.
Nada difícil ao homem comum perseguir as pos­sibilidades financeiras aliciar interesses mesquinhos, inventar mil recursos para atingir os fins inferiores; entretanto, os que adotam semelhante norma desco­nhecem o caráter sagrado do mais humilde patri­mônio que lhes vai às mãos, abusando da posse para sentirem-se, depois, mais empobrecidos que nunca.
A recomendação divina é suficientemente clara.
Para que um homem se enriqueça, deve adquirir o Ouro provado no fogo, fortuna essa que procede das mãos generosas do Altíssimo.
Somente essa riqueza espiritual, adquirida nas situações de trabalho árduo, de profunda compreen­são, de vitória sobre si mesmo, de esforço incessante, conferirá ao Espírito a posição de ascendência legí­tima, de bem-estar permanente, além das transforma­ções impostas pelo sepulcro, e apenas levará a efeito tão elevada conquista após entregar-se totalmente ao Pai para a grandeza do Divino Serviço.
O homem mobilizado pelo homem poderá, sem dúvida, receber volumosos salários. Convenhamos, porém, que esses bens se transformam sempre ou algum dia serão transferidos a outrem pelo detentor provisório. No entanto, quando o trabalhador gasta suas possibilidades nos trabalhos do bem, com es­quecimento do egoísmo, desinteressado de si próprio, colocando acima dos caprichos da personalidade os objetivos da Obra de Deus, lutando, amando, so­frendo e entregando-se a Ele, adquire, indiscutivel­mente, o ouro eterno e intransferível.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 135)

sábado, 14 de abril de 2012

GLÓRIA CRISTÃ




Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 1, versículo 12.)


Desde as tribos selvagens, que precederam a organização das famílias humanas, tem sido a Terra grande palco utilizado na exibição das glórias passa­geiras.
A concorrência intensificou a procura de titulos honorificos transitórios.
O mundo desde muito conhece glórias sangren­tas da luta homicida, glórias da avareza nos cofres da fortuna morta, do orgulho nos pergaminhos bra­sanados e inúteis, da vaidade nos prazeres mentirosos que precedem o sepulcro; a ciência cristaliza as que lhe dizem respeito nas academias isoladas; as reli­giões sectaristas nas pompas externas e nas expres­sões do proselitismo.
Num plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a do cristão é mais profunda, mais difícil. A vitória do seguidor de Jesus é quase sempre no lado inverso dos triunfos mundanos. É o lado oculto. Raros con­seguem vê-lo com olhos mortais.
Entretanto, essa glória é tão grande que o mundo não a proporciona, nem pode subtraí-la. É o teste­munho da consciência própria, transformada em ta­bernáculo do Cristo vivo.
No instante divino dessa glorificação, deslumbra­-se a alma ante as perspectivas do Infinito. É que algo de estranho aconteceu aí dentro, na cripta mis­teriosa do coração: o filho achou seu Pai em plena eternidade.

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 119)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ÊXITO


“Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em v6s,
pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
– Jesus. (JOÃO, 15:7.)
Muitos companheiros perdem recurso, oportunidade, tempo e força na preocupação
desmedida em torno do êxito.
Sonhando realizações mirabolantes, acabam frustrados na mania de grandeza.
Dizem-se interessados na lavoura do bem, mas, para cultivá-la, esperam a execução de
negócios imaginários, a aquisição de poder, a posse de ouro fácil ou a chegada de
prêmios fortuitos... E, complicando a própria estrada, observam-se, de chofre, em
presença da morte, quando menos contavam com semelhante visita.
Entretanto, o conquistador do maior êxito de todos os tempos não se ausentou do mundo
como quem triunfara...
Não recebeu heranças amoedadas, não governou princípios políticos, não escreveu
livros, não se enfileirou entre os maiorais de sua época...
Aprisionado como vulgar malfeitor, foi sentenciado à morte e passou como sendo vítima d
pavoroso fracasso.
Contudo, as sementes de amor puro que colocou na alma do povo transformaram o
mundo.
Repara Jesus e perceberás que o nosso problema não é de ganhar para fazer, mas de
fazer para ganhar.
A colheita não precede a sementeira, tanto quanto o teta não se antepõe à base.
Sirvamos ao bem, simplificando o caminho, de vez que a vitória real é a vitória de todos,
convictos de que não precisamos gastar as possibilidades da existência em expectativa e
tensão, porquanto, se estivermos em Cristo, tudo quanto de que necessitamos será feito
em nosso favor, no momento oportuno.
“Quando pois vos conduzirem para vos entregarem, não estejais solícitos de antemão
pelo que haveis de dizer, mas, o que vos for confiado naquela hora, isso falai, porque não
sois vós os que falais e sim o Espírito Santo.” – Jesus.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 64)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

NO CAMPO DA VIDA


“Entesourando para si mesmos um bom fundamento para
o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida”.-Paulo.
( I Timóteo, 6:19)
Se te encontras interessado no próprio aperfeiçoamento, aproveitar é a palavra de ordem.
Repara o exemplo da natureza.
O pão que te serve é a essência de muitos envoltórios que tornaram para o quimismo da
gleba.
O clima reconfortante do lar é produto da limpeza constante.
Se pretendes avançar ao encontro do melhor, despoja-te do inútil.
Muitos aspiram á tranqüilidade apegando-se à inquietação, enquanto outros muitos
pretendem a primazia da fé, rendendo preito à negação de si próprios.
Querem a paz, guardando-se irritadiços, e anseiam pela segurança do bem, afirmandose,
eles mesmos, tão endividados com o mal que não lhes sobra leve possibilidade de
consagração à virtude.
É natural estejamos nós sob a carga de avelhantados problemas. Herdeiros de passado
culposo, è preciso revisar as próprias tendências e ajuizar quanto às nossas
necessidades para que não estejamos tateando na sombra. Contudo, se aspiramos a
melhorar amanhã, é forçoso sermos melhores ainda hoje.
Para isso não vale simplesmente partilhar o trabalho geral, mas selecionar a experiência
comum, assimilando-lhe o ensinamento.
Não sintonizarás a antena do coração com as mensagens de toda a parte.
Recolherás aquelas que te enobreceram.
Não comprarás aflições.
Preocupar-te-ás com o que for justo.
Não te esqueças, pois, de que viver é atributo de todos, mas viver bem é o caminho de
quantos se dirigem, leais ao Bem, para a divina luz da Vida Real.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 63)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

FAÇAMOS NOSSA LUZ




Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens.” — Jesus. (MATEUS, capítulo 5, versículo 16.)


Ante a glória dos mundos evolvidos, das esferas sublimes que povoam o Universo, o estreito campo em que nos agitamos, na Crosta Planetária, é limi­tado círculo de ação.
Se o problema, no entanto, fosse apenas o de espaço, nada teríamos a lamentar.
A casa pequena e humilde, iluminada de Sol e alegria, é paraíso de felicidade.
A angústia de nosso plano procede da sombra.
A escuridão invade os caminhos em todas as direções. Trevas que nascem da ignorância, da maldade, da insensatez, envolvendo povos, instituições e pessoas. Nevoeiros que assaltam consciências, ra­ciocínios e sentimentos.
Em meio da grande noite, é necessário acenda­mos nossa luz. Sem isso é impossível encontrar o caminho da libertação. Sem a irradiação brilhante de nosso próprio ser, não poderemos ser vistos com facilidade pelos Mensageiros Divinos, que ajudam em nome do Altíssimo, e nem auxiliaremos efetivamente a quem quer que seja.
É indispensável organizar o santuário interior e iluminá-lo, a fim de que as trevas não nos dominem.
É possível marchar, valendo-nos de luzes alheias. Todavia, sem claridade que nos seja própria, pade­ceremos constante ameaça de queda. Os proprie­tários das lâmpadas acesas podem afastar-se de nós, convocados pelos montes de elevação que ainda não merecemos.
Vale-te, pois, dos luzeiros do caminho, aplica o pavio da boa-vontade ao óleo do serviço e da humil­dade e acende o teu archote para a jornada. Agradece ao que te ilumina por uma hora, por alguns dias ou por muitos anos, mas não olvides tua candeia, se não desejas resvalar nos precipícios da estrada lon­ga!...
O problema fundamental da redenção, meu ami­go, não se resume a palavras faladas ou escritas. É muito fácil pronunciar belos discursos e prestar excelentes informações, guardando, embora, a ce­gueira nos próprios olhos.
Nossa necessidade básica é de luz própria, de esclarecimento íntimo, de auto-educação, de conver­são substancial do “eu” ao Reino de Deus.
Podes falar maravilhosamente acerca da vida, argumentar com brilho sobre a fé, ensinar os valores da crença, comer o pão da consolação, exaltar a paz, recolher as flores do bem, aproveitar os frutos da generosidade alheia, conquistar a coroa efêmera do louvor fácil, amontoar títulos diversos que te exor­nem a personalidade em trânsito pelos vales do mundo...
Tudo isso, em verdade, pode fazer o espírito que se demora, indefinidamente, em certos ângulos da estrada.
Todavia, avançar sem luz é impossível.

(Caminho, Verdade e Vida; cap 180)

terça-feira, 10 de abril de 2012

QUE BUSCAIS?




E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que bus­cais?” — (JOÃO, capítulo 1, versículo 38.)


A vida em si é conjunto divino de experiências.
Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novos conhecimentos. A aquisição de va­lores religiosos, entretanto, é a mais importante de todas, em virtude de constituir o movimento de ilu­minação definitiva da alma para Deus.
Os homens, contudo, estendem a esse departa­mento divino a sua viciação de sentimentos, no jogo inferior dos interesses egoísticos.
Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveis e de votos absurdos.
Muitos devotos entendem encontrar na Divina Providência uma força subornável, eivada de privilégios e preferências. Outros se socorrem do plano espiritual com o propósito de solucionar problemas mesquinhos.
Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exem­plificou.
A cruz do Calvário é símbolo vivo.
Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos. Sem a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associada aos atos de cada dia, a alma será sempre a prisioneira de inferiores preocupações.
Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que en­tram: “Que buscais?”

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 22)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

LIBERTEMOS


“Disse-lhes Jesus: desatai-o e deixai-o ir.”
(JOÃO, 11:44.)
É importante pensar que Jesus não apenas arrancou Lázaro à sombra do túmulo.
Trazendo-o, de volta, à vida, pede para que seja restituído à liberdade.
“Desatai-o e deixai-o ir” – diz o Senhor.
O companheiro redivivo deveria estar desalgemado para atender às próprias
experiências.
Também nós temos, no mundo da própria alma, os que tombam na fossa da negação.
Os que nos dilaceram os ideais, os que nos arrastam à desilusão, os que zombam de
nossas esperanças e os que nos lançam em abandono assemelham-se a mortos na cripta
de nossas agoniadas recordações.
Lembrá-los é como reavivar velhas úlceras.
Entretanto, para que nos desvencilhemos de semelhantes angústias, é imperioso retirálos
do coração e devolvê-los ao sol da existência.
Não basta, porém, esse gesto de libertarão para nós. É imprescindível haja de nossa
parte auxílio a eles, para que se desagrilhoem.
Nem condená-los, nem azedar-lhes o sentimento, mas sim exonerá-los de todo
compromisso, ajustando-os a si próprios.
Aqueles que libertamos de qualquer obrigação para conosco, entregando-os à bondade
de Deus, mais cedo regressam à luz da compreensão.
Se alguém, assim, caiu na morte do mal, diante de ti, ajuda-o a refazer-se para o bem;
entretanto, além disso, é preciso também desatá-lo de qualquer constrangimento e deixála
ir.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 75)

domingo, 8 de abril de 2012

NOSSA CRUZ


“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me” - JESUS (MARCOS, 8:34)
Ninguém se queixe inutilmente.
A dor é processo.
A perfeição é fim.
Assim sendo, caminheiros da evolução ou da redenção têm, cada qual, a sua cruz.
Esse almeja, aquele deve.
E para realizar ou ressarcir, a vida pede preço.
Ninguém conquista algo, sem esforçar-se de algum modo; e ninguém resgata esse ou
aquele débito, sem sofrimento.
Enquanto a criatura não adquire consciência da própria responsabilidade, movimenta-se
no mundo à feição de semi-racional, amontoando problemas sobre a própria cabeça.
Entretanto, acordando para a necessidade da paz consigo mesma, descobre de imediato
a cruz que lhe cabe ao próprio burilamento.
Encarnados e desencarnados, jungidos à Terra, vinculam-se todos ao mesmo impositivo
de progresso e resgate.
No círculo carnal, a cruz é a dificuldade orgânica, o degrau social,o parente infeliz...
No plano espiritual, é a vergonha do defeito íntimo não vencido, a expiação da culpa,o
débito não pago...
Tenhamos, pois, a coragem precisa de seguir o Senhor em nosso anseio de ressurreição
e vitória.
Para isso, porém, não nos esqueçamos de que será preciso olvidar o egoísmo
enquistante e tomar a nossa cruz.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 74)

sábado, 7 de abril de 2012

LEI DO USO

“E quando estavam saciados, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os
pedaços que sobejaram, para que nada se perca.” — (JOÃO, CAPÍTULO 6,
VERSÍCULO 12.)
Observada a lei do uso, a miséria fugirá do caminho humano.
Contra o desperdício e a avareza é imperioso o trabalho de cada um, porque,
identificado o equilíbrio, o serviço da justiça económica estará completo, desde que a
boa-vontade habite com todos.
A passagem evangélica que descreve o trabalho de alimento à multidão assinala
significativas palavras do Senhor, quanto às sobras de pão, transmitindo ensinamento
de profunda importância aos discípulos.
Geralmente, o aprendiz sincero, nos primeiros deslumbramentos da fé reveladora,
deseja desfazer-se nas atividades de benemerência, sem base na harmonia real.
Aí temos, indiscutivelmente, louvável impulso, mas, ainda mesmo na distribuição dos
bens materiais, é indispensável evitar o descontrole e o excesso.
O Pai não suprime o inverno, porque alguns dos seus filhos se queixam do frio, mas
equilibra a situação, dando-lhes coberturas.
A caridade reclama entusiasmo, entretanto, exige também discernimento generoso,
que não incline o coração à secura.
Na grande assembléia de necessitados do monte, por certo, não faltariam preguiçosos
e perdulários, prontos a inutilizar a parte restante de pão, sem necessidade justa.
Jesus, porém, antes que os levianos se manifestassem, recomendou claramente: —
“Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.” É que, em todas as
coisas, o homem deverá reconhecer que o uso é compreensível na Lei, desprezando o
abuso que é veneno mortal nas fontes da vida.

(Pão Nosso; cap. 171)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

NA CRUZ




Ele salvou a muitos e a si mes­mo não pôde salvar-se.” — (MATEUS, capítulo 27, versículo 42.)


Sim, ele redimira a muitos...
Estendera o amor e a verdade, a paz e a luz, levantara enfermos e ressuscitara mortos.
Entretanto, para ele mesmo erguia-se a cruz entre ladrões.
Em verdade, para quem se exaltara tanto, para quem atingira o pináculo, sugerindo indiretamente a própria condição de Redentor e Rei, a queda era enorme...
Era o Príncipe da Paz e achava-se vencido pela guerra dos interesses inferiores.
Era o Salvador e não se salvava.
Era o Justo e padecia a suprema injustiça.
Jazia o Senhor flagelado e vencido.
Para o consenso humano era a extrema perda.
Caíra, todavia, na cruz.
Sangrando, mas de pé.
Supliciado, mas de braços abertos.
Relegado ao sofrimento, mas suspenso da Terra.
Rodeado de ódio e sarcasmo, mas de coração içado ao Amor.
Tombara, vilipendiado e esquecido, mas, no outro dia, transformava a própria dor em glória divi­na. Pendera-lhe a fronte, empastada de sangue, no madeiro, e ressurgia, à luz do sol, ao hálito de um jardim.
Convertia-se a derrota escura em vitória resplan­decente. Cobria-se o lenho afrontoso de claridades celestiais para a Terra inteira.
Assim também ocorre no círculo de nossas vidas. Não tropeces no fácil triunfo ou na auréola ba­rata dos crucificadores. Toda vez que as circunstân­cias te compelirem a modificar o roteiro da própria vida, prefere o sacrifício de ti mesmo, transformando a tua dor em auxílio para muitos, porque todos aque­les que recebem a cruz, em favor dos semelhantes, descobrem o trilho da eterna ressurreição.

(Fonte Viva; cap. 46)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ENTENDAMOS SERVINDO

“Porque também nós éramos noutro tempo insensatos.” — Paulo. (TITO,
CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 3.)
O martelo, realmente, colabora nos primores da estatuária, mas não pode golpear a
pedra, indiscriminadamente.
O remédio amargo estabelece a cura do corpo enfermo, no entanto, reclama ciência na
dosagem.
Nem mais, nem menos.
Na sementeira da verdade, igualmente, é indispensável não nos desfaçamos em
movimento impensado.
Na Terra, não respiramos num domicílio de anjos. Somos milhões de criaturas, no
labirinto de débitos clamorosos do passado, suspirando pela desejada equação.
Quem ensina com sinceridade, naturalmente aprendeu as lições, atravessando
obstáculos duros.
Claro que a tolerância excessiva resulta em ausência de defesa justa, entretanto, é
inegável que para educarmos a outrem, necessitamos de imenso cabedal de paciência
e entendimento.
Paulo, incisivo e enérgico, não desconhecia semelhante realidade.
Escrevendo a Tito, lembra as próprias incompreensões de outra época para justificar a
serenidade que nos deve caracterizar a ação, a serviço do Evangelho Redentor.
Jamais atingiremos nossos objetivos, torturando chagas, indicando cicatrizes,
comentando defeitos ou atirando espinhos à face alheia.
Compreensão e respeito devem preceder-nos a tarefa em qualquer parte.
Recordemos nós mesmos, na passagem pelos círculos mais baixos, e estendamos
braços fraternos aos irmãos que se debatem nas sombras.
Se te encontras interessado no serviço do Cristo, lembra-te de que Ele não funcionou
em promotoria de acusação e, sim, na tribuna do sacrifício até à cruz, na condição de
advogado do mundo inteiro.

(Pão Nosso; cap. 179)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SERVIR E MARCHAR




Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados.” — Paulo. (HEBREUS, capítulo 12, versículo 12.)


Se é difícil a produção de fruto sadio na lavoura comum, para que não falte o pão do corpo aos celei­ros do mundo, é quase sacrificial o serviço de aqui­sição dos valores espirituais que significam o alimen­to vivo e imperecível da alma.
Planta-se a semente da boá-vontade, mas obs­táculos mil lhe prejudicam a germinação e o cres­cimento.
É a aluvião de futilidades da vida inferior.
A invasão de vermes simbolizados nos aborreci­mentos de toda sorte.
A lama da inveja e do despeito.
As trovoadas da incompreensão.
Os granizos da maldade.
Os detritos da calúnia.
A canícula da irresponsabilidade.
O frio da indiferença.
A secura do desentendimento.
O escalracho da ignorância.
As nuvens de preocupações.
A poeira do desencanto.
Todas as forças imponderáveis da experiência humana como que se conjugam contra aquele que deseja avançar no roteiro do bem.
Enquanto não alcançarmos a herança divina a que somos destinados, qualquer descida é sempre fácil ...
A elevação, porém, é obra de suor, persistên­cia e sacrifício.
Não recues diante da luta, se realmente já podes interessar o coração nos climas superiores da vida.
Não obstante defrontado por toda a espécie de dificuldades, segue para a frente, oferecendo ao serviço da perfeição quanto possuas de nobre, belo e útil.
Recorda o conselho de Paulo e não te imobi­lizes.
Movimenta as mãos cansadas para o trabalho e ergue os joelhos desconjuntados, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é pre­ciso servir e marchar, incessantemente.

(Fonte Viva; cap. 52)

terça-feira, 3 de abril de 2012

QUEM ÉS?


Há só um Legislador e um Juiz que pode salvar e destruir. Tu, po­rém, quem és, que julgas a outrem?” — (TIAGO, capítulo 4, versículo 12.)

Deveria existir, por parte do homem, grande cau­tela em emitir opiniões relativamente à incorreção alheia.
Um parecer inconsciente ou leviano pode gerar desastres muito maiores que o erro dos outros, con­vertido em objeto de exame.
Naturalmente existem determinadas responsabili­dades que exigem observações acuradas e pacientes daqueles a quem foram conferidas. Um administrador necessita analisar os elementos de composição hu­mana que lhe integram a máquina de serviços. Um magistrado, pago pelas economias do povo, é obri­gado a examinar os problemas da paz ou da saúde sociais, deliberando com serenidade e justiça na defesa do bem coletivo. Entretanto, importa compreen­der que homens, como esses, entendendo a extensão e a delicadeza dos seus encargos espirituais, muito sofrem, quando compelidos ao serviço de regenera­ção das peças vivas, desviadas ou enfermiças, en­caminhadas à sua responsabilidade.
Na estrada comum, no entanto, verifica-se grande excesso de pessoas viciadas na precipitação e na leviandade.
Cremos seja útil a cada discípulo, quando asse­diado pelas considerações insensatas, lembrar o papel exato que está representando no campo da vida pre­sente, interrogando a si próprio, antes de responder às indagações tentadoras: “Será este assunto de meu interesse? Quem sou? Estarei, de fato, em condições de julgar alguém?”

(Caminho, Verdade e Vida; cap. 46)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

REPAREMOS NOSSAS MÃOS




... Mostrou-lhes as suas mãos...” — (JOÃO, capítulo 20, versículo 20.)


Reaparecendo aos discípulos, depois da morte, eis que Jesus, ao se identificar, lhes deixa ver o corpo ferido, mostrando-lhes destacadamente as mãos...
As mãos que haviam restituído a visão aos cegos, levantado paralíticos, curado enfermos e abençoado velhinhos e crianças, traziam as marcas do sacrifício.
Traspassadas pelos cravos da cruz, lembravam-lhe a suprema renúncia.
As mãos do Divino Trabalhador não recolheram do mundo apenas calos do esforço intensivo na charrua do bem. Receberam feridas sanguinolentas e dolorosas...
O ensinamento recorda-nos a atividade das mãos em todos os recantos do Globo.
O coração inspira.
O cérebro pensa.
As mãos realizam.
Em toda parte, agita-se a vida humana pelas mãos que comandam e obedecem.
Mãos que dirigem, que constroem, que semeiam, que afagam, que ajudam e que ensinam... E mãos que matam, que ferem, que apedrejam, que ba­tem, que incendeiam, que amaldiçoam ...
Todos possuimos nas mãos antenas vivas por onde se nos exterioriza a vida espiritual.
Reflete, pois, sobre o que fazes, cada dia.
Não olvides que, além da morte, nossas mãos exibem os sinais da nossa passagem pela Terra.
As do Cristo, o Eterno Benfeitor, revelavam as chagas obtidas na divina lavoura do amor. As tuas, amanhã, igualmente falarão de ti, no mundo espiritual, onde, interrompida a experiência terrestre, cada criatura arrecada as bênçãos ou as lições da vida, de acordo com as próprias obras.

(Fonte Viva; cap. 179)

domingo, 1 de abril de 2012

SOMENTE ASSIM




Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 8.)


Em nossas aflições, o Pai é invocado.
Nas alegrias, é adorado.
Na noite tempestuosa, é sempre esperado com ânsia.
No dia festivo, é reverenciado solenemente.
Louvado pelos filhos reconhecidos e olvidado pelos ingratos, o Pai dá sempre, espalhando as bên­çãos de sua bondade infinita entre bons e maus, justos e injustos.
Ensina o verme a rastejar, o arbusto a desen­volver-se e o homem a raciocinar.
Ninguém duvide, porém, quanto à expectativa do Supremo Senhor a nosso respeito. De existência em existência, ajuda-nos a crescer e a servi-Lo, para que, um dia, nos integremos, vitoriosos, em seu di­vino amor e possamos glorificá-Lo.
Nunca chegaremos, contudo, a semelhante con­dição, simplesmente através dos mil modos de co­loração brilhante dos nossos sentimentos e racio­cínios.
Nossos ideais superiores são imprescindíveis, e no fundo assemelham-se às flores mais belas e per­fumosas da árvore. Nossa cultura é, sem dúvida, indispensável, e, em essência, constitui a robustez do tronco respeitável. Nossas aspirações elevadas são preciosas e necessárias, e representam as folhas vivas e promissoras.
Todos esses requisitos são imperativos da colheita.
Assim também ocorre nos domínios da alma.
Somente é possível glorificar o Pai quando nos abrimos aos seus decretos de amor universal, pro­duzindo para o bem eterno.
Por isso mesmo, o Mestre foi claro em sua afir­mação.
Que nossa atividade, dentro da vida, produza muito fruto de paz e sabedoria, amor e esperança, fé e alegria, justiça e misericórdia, em trabalho pes­soal digno e constante, porqüanto, somente assim o Pai será por nós glorificado e só nessa condição seremos discípulos do Mestre Crucificado e Redi­vivo.

(Fonte Viva; cap. 45)