segunda-feira, 19 de março de 2012

REFUGIA-TE EM PAZ


Havia muitos que iam e vinham e não tinham tempo para comer.” (MARCOS, capítulo 6, versículo 31.)


O convite do Mestre, para que os discípulos procurem lugar a parte, a fim de repousarem a mente e o coração na prece, é cada vez mais oportuno.
Todas as estradas terrestres estão cheias dos que vão e vem atormentados pelos interesses imediatistas, sem encontrarem tempo para a recepção de alimentação espiritual. Inúmeras pessoas atravessam a senda, famintas de ouro, e voltam carregadas de desilusões. Outras muitas correm, às aventuras, sedentas de novidade emocional, e regressam com o tédio destruidor.
Nunca houve no mundo tantos templos de pedra, como agora, para as manifestações de religiosidade, e jamais apareceu tamanho volume de desencanto nas almas.
A legislação trabalhista vem reduzindo a ativi­dade das mãos, como nunca; no entanto, em tempo algum surgiram preocupações tão angustiosas como na atualidade.
As máquinas da civilização moderna limitaram espantosamente o esforço humano, todavia, as afli­ções culminam, presentemente, em guerras de arra­samento científico.
Avançou a técnica da produção econômica em todos os setores, selecionando o algodão e o trigo por intensificar-lhes as colheitas, mas, para os olhos que contemplam a paisagem mundial, jamais se veri­ficou entre os encarnados tamanha escassez de pão e vestuário.
Aprimoraram-se as teorias sociais de solidarie­dade e nunca houve tanta discórdia.
Como acontecia nos tempos da permanência de Jesus no apostolado, a maioria dos homens perma­nece no vai-e-vem dos caminhos, entre a procura deso­rientada e o achado falso, entre a mocidade leviana e a velhice desiludida, entre a saúde menosprezada e a moléstia sem proveito, entre a encarnação per­dida e a desencarnação em desespero.
Ó meu amigo, se adotaste efetivamente o apren­dizado com o Divino Mestre, retira-te a um lugar à parte, e cultiva os interesses de tua alma.
É possível que não encontres o jardim exterior que facilite a meditação, nem algum pedaço de natureza física onde repouses do cansaço material, todavia, penetra o santuário, dentro de ti mesmo.
Há muitos sentimentos que te animam há séculos, imitando, em teu íntimo, o fluxo e o refluxo da mul­tidão. Passam apressados de teu coração ao cérebro e voltam do cérebro ao coração, sempre os mesmos, incapacitados de acesso à luz espiritual. São os prin­cípios fantasistas de paz e justiça, de amor e felici­dade que o plano da carne te impôs. Em certas cir­cunstâncias da experiência transitória, podem ser úteis, entretanto, não vivas exclusivamente ao lado deles. Exerceriam sobre ti o cativeiro infernal.
Refugia-te no templo à parte, dentro de tua alma, porque somente aí encontrarás as verdadeiras no­ções da paz e da justiça, do amor e da felicidade reais, a que o Senhor te destinou.

(Fonte Viva; cap. 147)

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