segunda-feira, 25 de junho de 2012

EVANGELHO E TRABALHO

A glorificação do trabalho é serviço evangélico.
Antecedendo a influência do Mestre, a Terra era vasto latifúndio povoado de senhores e
escravos.
O serviço era considerado desonra.
Dominadas pelo princípio da força, as nações guardavam imensa semelhança com as
tabas da comunidade primigênia.
O destaque social resultava da caça.
Erguiam-se os tronos, quase sempre, sobre escuros alicerces de rapinagem.
Os favores da vida pertenciam aos mais argutos e aos mais poderosos.
Qualquer infelicidade econômica redundava em compulsório cativeiro.
Trabalho era sinônimo de aviltação.
Os espíritos mais nobres, na maioria das vezes, demoravam-se na subalternidade
absoluta, suando e gemendo para sustentar o carro purpúreo dos opressores.
Em toda as cidades, pululavam escravos de todos os matizes e somente a eles era
conferido o dever de servir, como austera punição.
Roma imperial jazia repleta de cativos tomados ao Egito e à Grécia, á Gália e ao Ponto.
Só na revolução de Espártaco, no ano de 71, antes da era cristã, foram condenados à
morte trinta mil escravos na Via Ápia, cuja única falta era aspirar ao trabalho digno em
liberdade edificante.
Com Jesus, no entanto, nova época surge para o mundo.
O ministério do Senhor é, sobretudo, de ação e movimento.
Levanta-se o Mestre com o dia e devota-se ao bem dos semelhantes pela noite a dentro.
Médico _ não descansa no auxílio efetivo aos doentes.
Professor _ não se fatiga, repetindo as lições.
Juiz _ exemplifica a imparcialidade e a tolerância.
Benfeitor _ espalha, sem cessar, as bênçãos do amor infinito.
Sábio _ coloca a ciência do bem ao alcance de todos.
Advogado _ defende os interesses dos fracos e dos humildes.
Trabalhador divino _ serve a todos, sem reclamação e sem recompensa.
O exemplo do Cristo é sublime e contagiante.
Cada companheiro de apostolado ausenta-se, mais tarde, do comodismo para ajudar e
ensinar em seu nome, raspando horizontes mais vastos à compreensão da vida, em
regiões distantes do berço que os vira nascer.
Mais tarde, em Roma, o desejo de auxílio mútuo entre os cristãos atinge inconcebíveis
realizações no capítulo do trabalho.
Pessoas convertidas ao Evangelho se consagram, inteiramente, ao serviço como o
objetivo de amparar os companheiros necessitados.
Espalham-se aprendizes da Boa Nova nas atividades da indústria e da agricultura, das
artes e das ciências, da instrução e do comércio, da enfermagem e da limpeza pública,
disputando recursos para o auxílio aos associados de ideal, na servidão ou na indigência,
no sofrimento e nas prisões. Há quem jejue por dois e três dias seguidos, a fim de
economizar dinheiro para os serviços de assistência ao próximo, sob a direção do pastor.
O trabalho passa, então, a ser interpretado por benção divina.
Paulo de Tarso, transferindo-se da dignidade do Sinédrio para o duro labor do tear,
confeccionando tapetes para não ser pesado a ninguém e garantindo, por esse modo, a
sua liberdade de palavra e de ação, é o símbolo do cristão que educa e realiza,
demonstrando que à claridade do ensino deve aliar-se a glória do exemplo.
E, até hoje, honrando no trabalho digno a sua norma fundamental de ação, o Cristianismo
é a força libertadora da Humanidade, nos quadrantes do mundo inteiro.

(Roteiro; cap. 17)

Nenhum comentário:

Postar um comentário