quinta-feira, 14 de junho de 2012

NO SUSTENTO DA PAZ

"Vivei em Paz uns com os outros".
-Paulo (I Tessalonicenses, 5:13.)
Costumamos referir-nos à guerra, qual se ela fosse um fenômeno de teratologia política,
exclusivamente atribuível aos desmandos de ditadores cruéis, quando todos somos
intimados pela vida ao sustento da Paz.
Todos agimos uns sobre os outros e, ainda que a nossa influência pessoal se nos figure
insignificante, ela não é menos viva na preservação da harmonia geral.
A floresta é um espetáculo imponente da natureza, mas não se agigantou sem o concurso
de sementes pequeninas.
Nossa deficiência de análise, quanto à contribuição individual no equilíbrio comum, nasce,
via de regra, da aflição doentia com que aguardamos ansiosamente os resultados de
nossas ações, sequiosos de destaque pessoal no imediatismo da Terra; isso faz com que
procedamos, à maneira de alguém que se decidisse a levantar uma casa com total
menosprezo pelas pedras, tijolos, parafusos e vigas, aparentemente sem importância,
quando isoladamente considerados, mas indispensáveis à construção.
Habituamo-nos, freqüentemente, a maldizer o irmão que se fez delinqüente, com absoluta
descaridade para com a debilitação de caráter a que chegou, depois de longo processo
obsessivo que lhe corroeu a resistência moral, quase sempre após fugirmos da
providência fraterna ou da simples conversação esclarecedora, capazes de induzí-lo à
vitória sobre as tentações que o levaram à falta consumada.
Lideramos reclamações contra o estridor de buzinas na via pública e não nos pejamos
das maneiras violentas com que abalamos os nervos de quem nos ouve.
Todos somos chamados à edificação da Paz que, aliás, prescinde de qualquer impulso
vinculado às atividades de guerra e que, paradoxalmente, depende de nossa luta por
melhorar-nos e educar-nos, de vez que Paz não é inércia e sim esforço, devotamento,
trabalho e vigilância incessantes a serviço do bem. Nenhum de nós está dispensado de
auxiliar-lhe a defesa e a sustentação, porquanto, muitas vezes, a tranqüilidade coletiva jaz
suspensa de um minuto de tolerância, de um gesto, de uma frase, de um olhar...
Não te digas, pois, inabilitado a contribuir na Paz do mundo. Se não admites o poder e o
valor dos recursos chamados menores no engrandecimento da vida, faze um palácio
diante de vigorosa central elétrica e procura dotá-lo de luz e força sem a tomada.

(Palavras de Vida Eterna; cap. 45)

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